sábado, 31 de janeiro de 2015

Epifania Descritiva

Caminhar sozinho à noite após a chuva.
Ar puro e fresco, calor amenizado. É no escuro que a cabeça começa a funcionar.
O plano é só ir. E ir só.

Suspeitar de algumas gotas que podem cair e naturalmente senti-las no rosto.
Há o toque frio da água sob a pele despertando todo o corpo. A cada pontada, um arrepio diferente que ofega a caminhada. Um suspiro profundo a fim de recompor e acalmar aquele impulso que sobe até o pescoço.

Aos poucos vai surgindo o sorriso mais sincero.

O prazer visual é empolgante. A luz da rua permite que a garoa suba ao palco e dance.
O som é do chacoalhar dos galhos, do vento que sussurra e das nuvens que deságuam.

Os passos são despercebidos e organizados. A única preocupação é desocupar o que não é pra ser lembrado. Deixar que o olhar se perca em tanto grão não reparado.

Ser seguido pelo medo e dar abrigo sob a paz.
Paz que é tua e é teu cativo, teu libido em porto e cais.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Um sopro que não venta

Sentimento é algo que se deve, de fato, sentir.
Infelizmente há quem se atreve a, forçado, tentar.
Tem muita gente que se engana, então, afim
De tornar lento o que se ama e não amar.

Pena de quem inventa o que é profundo, mas não sente
O coração que esquenta e bate mudo um frio no ventre,
Liberta o que desperta lá de dentro, atrasa e lenta,
Aperta o que te cerca já há um tempo e experimenta:

Um vento que não sopra.

Um sopro que não venta.